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Se você está programando sua viagem para o Panamá, não pode deixar de incluir em seu roteiro o maravilhoso arquipélago de San Blas.

Entretanto, ao incluir tal destino em seu roteiro é fundamental que tenha em mente algumas dicas importantes sobre o local, e são justamente essas informações mais importantes que vamos contar para vocês nesse post.

Visitar San Blas vai muito além do que apenas as ilhas paradisíacas, pois em que pese a beleza natural ser incrível, toda a cultura e vida dos povos indígenas Kuna Yala também vão te encantar.

A primeira e principal dica é que você saiba que San Blas é um conjunto de aproximadamente de 365 ilhas próximo ao litoral panamenho em meio ao mar do Caribe, formando a comarca de Kuna Yala, que pertence e é povoada pelo povo indígena de mesmo nome.

Por isso, é necessário entender que, diferentemente dos grandes centros urbanos do país, San Blas tem uma cultura e estilo de vida muito peculiar, e possivelmente, diferente de tudo que você já viu no mundo.

Inclusive, é importante ter isso em mente no que diz respeito aos serviços lá prestados, porque se você pretende conhecer o território Kuna Yala, precisará se acostumar com serviços mais rústicos e até mesmo um pouco desorganizados, pois os Kunas não tem pressa, vivem tudo com muita calma, seguindo suas próprias leis e sem se ater muito a horários. Ao menos foi isso que presenciamos em nossa experiência e vamos contar tudo pra vocês.

Bom, a segunda questão importante é saber como se chega até os “portos” onde partem as embarcações que te levarão ao arquipélago. Os próprios portos já ficam dentro da comarca Kuna Yala, que está inserida em uma reserva ambiental. Caso esteja saindo da Cidade do Panamá, é aconselhável alugar um veículo 4x4 ou contratar o serviço de transfer oferecido pelos próprios Kunas, para percorrer um trajeto de aproximadamente 100 km.

O trajeto é realizado por duas rodovias, sendo os primeiros 60km percorridos pela Rodovia Interamericana, até ingressar na Rodovia na qual as placas indicam Carti e Kuna Yala, onde é necessário percorrer um trajeto bastante sinuoso entre as montanhas, com inúmeras subidas e descidas bem íngremes, por mais 40 km. Nesse segundo trajeto é necessário passar pela fronteira da comarca Kuna Yala, onde é realizado uma conferência de passaportes e o pagamento de uma taxa para ingressar na região, no valor de U$5 por veículo e U$1 por pessoa.

* Rodovia Interamericana

* segunda parte do trajeto

* trechos sinuosos na segunda parte do trajeto

O trajeto total até o porto dura aproximadamente 2 horas. Chegando-se ao porto indicado pelo seu barqueiro (cuidado, pois há mais de um porto), que na verdade em nada lembra um porto de verdade, pois ali só tem uma pequena e modesta infraestrutura de onde partem pequenas embarcações conduzidas por Kunas, é necessário percorrer por mar o trajeto até a ilha que você se hospedará.

* Puerto Dibin - porto de onde saiu nossa embarcação

* Porto 

* Deck de onde saiu nossa embarcação

No nosso caso o trajeto durou em torno de 35 minutos até a ilha que nos hospedamos. Contudo, tal tempo dependerá da proximidade da sua ilha com o porto.

A dica valiosa aqui é sobre as bagagens – leve apenas o necessário para os dias em que ficará na comarca, pois as pequenas embarcações não permitem que cada passageiro leve grandes malas e volumes, além de que, as nossas bagagens chegaram bastante molhadas em nossa primeira parada.

Além disso, a maioria das acomodações que você encontrará nas ilhas não passam de pequenas ocas, sem portas ou janelas e sem qualquer revestimento no chão, ou seja, você provavelmente passará dias literalmente com os pés na areia. O segredo é entrar no clima e ter a grande experiência de viver conforme a vida dos índios Kuna Yala.

Pois bem, nós reservamos as acomodações na Isla Perro Chico II. Entramos em contato com o Edwin, administrador do local, através do WhatsApp + 507 6011 1526, o qual já marcou nosso horário de partida do porto e nos indicou qual seria o nosso barqueiro.

Como havíamos alugado um veículo na Cidade do Panamá, fizemos o trajeto por conta própria, então chegamos ao porto dentro do horário combinado (9h00), e depois de acomodados na embarcação, precisamos aguardar a chegada dos demais turistas que iriam para mesma ilha. Se você é impaciente, deixe sua ansiedade em casa, pois como já falei anteriormente, os Kunas não tem pressa e não se importam em deixar você esperando por quase 2 horas até que todos os turistas consigam chegar ao porto.

Pelas informações que obtivemos, nos primeiros horários da manhã há grande fluxo de veículos em direção aos portos que ficam na comarca Kuna Yala, logo, considerando que o trecho atravessa a cadeia de montanhas que divide o país, e é semelhante a uma montanha-russa, é bastante comum ter trânsito no local, principalmente no trecho de fronteira.

* trânsito na "fronteira"

Uma vez completo nosso grupo, era hora de navegar até a Isla Perro Chico II. Confesso que no primeiro momento fiquei um pouco decepcionado, pois a região portuária não era bonita, água escura, enfim, nada que eu imaginava. Contudo, passados alguns minutos de navegação começamos a entender o motivo de San Blas ser considerada um paraíso.

No caminho, diversas ilhas podem ser avistadas, umas maiores e outras bem pequenas, sem nenhum tipo de construção. Simplesmente um espetáculo da natureza.

Como falamos anteriormente, San Blas e suas diversas ilhas ainda não possuem boa infraestrutura, sendo que a maioria das acomodações disponíveis são em ocas, de frente para o mar.

Assim, ao chegar em nossa ilha fomos direcionados para a nossa oca. Como estávamos em 5 pessoas, pegamos uma oca privativa, a qual contava com dois cômodos, cada um com 3 camas de solteiro, e uma espécie de varanda. Nada além disso!

* Nossa "cabana privativa"


O valor da cabana privativa era de U$100,00 a diária, por pessoa, sendo que as diárias seguintes acrescentavam o valor de U$50,00, sendo que neste valor estão inclusas 3 refeições diárias, além do transporte entre o porto e a ilha.

Obs. Como no segundo dia houve um pequeno problema com as acomodações, fomos direcionados para uma espécie de cabana, de madeira, com portas e janelas, e que estava quase finalizada. Futuramente, a ilha contará com estas novas acomodações, trazendo um pouco mais de conforto para os visitantes.

Sobre a refeição, este era um ponto que nos deixava bastante apreensivos, pois não sabíamos o que seria servido, apenas tínhamos a informação de que seriam pratos típicos dos Kunas. Confesso que nos surpreendemos, pois as comidas, apesar de simples, eram bastante saborosas. Boa parte das refeições tinham como base peixe e acompanhamentos que variavam, entre arroz de coco com lentilha ou legumes, e ainda uma pequena porção de salada.

* Almoço com opção de peixe

Além disso, era possível encomendar frutos do mar variados para cada refeição, com um custo adicional. Nós, por exemplo, em uma das refeições provamos a lagosta (U$10,00 cada) e em outra provamos o famoso King Crab (U$ 8,00).

* Lagosta

Já as bebidas não estão inclusas, mas são vendidas em preços bastante atrativos, a exemplo do refrigerante que custava U$1,00 e dos vinhos que custavam U$10,00. Também é possível comprar água de coco (U$4,00), contudo eles não possuem o hábito de degustá-la gelada e sim em temperatura ambiente, o que pode não ser tão saboroso para nós brasileiros.

Portanto, aqui vai outra dica bastante valiosa: não se esqueça de levar dinheiro em espécie, pois os Kunas não aceitam outra forma de pagamento.

Como estávamos com receio da comida, para garantir, levamos um cooler com comida para não depender apenas das refeições dos Kunas, e posso garantir que valeu a pena ter ao que recorrer quando a fome batia e para matar um pouco a vontade das comidas com que estamos acostumados, ainda mais porque ficaríamos 3 dias ao todo.

Mas falando de San Blas, o que realmente interessa nesse destino é a beleza extraordinária do mar do caribe, que é inexplicavelmente surpreendente nessa região, pois a cada pequena ilha que passamos ficávamos maravilhados com a cor do mar, que mudava a cada quilometro percorrido em meio ao Oceano Atlântico.

Além das cores do mar, a grande maioria das ilhas são rodeadas por praias de aguas calmas e quentinhas, perfeitas para os banhos e prática de snorkeling. Ficar descansando na rede ou curtindo apenas o barulho do mar também são ótimas opções para quem procura relaxar.



É possível, ainda, contratar passeios diretamente com o Kunas que administram cada ilha, no nosso pacote estava incluso um passeio, que nos levou até as ilhas mais próximas – Piscinas Naturais, Isla Estrella e Isla Pelicano I.

* Isla Estrella

* Isla Pelicano I

* Isla Pelicano I

No dia seguinte, contratamos a parte (U$15,00) outro passeio para desbravar outras ilhas. Nesse dia conhecemos a famosa Isla Perro (Barco Hundido), que é bastante famosa entre os turistas.

Podemos dizer que cada ilha tem uma beleza peculiar, incluindo a cor do mar e o tipo de vegetação, e fomos surpreendidos ao chegar em cada local.

Em síntese, podemos dizer que San Blas é um verdadeiro paraíso em alto mar, ainda mais para quem aprecia a experiência do contato total com a natureza e de literalmente se desligar da agitação do mundo moderno.

Importante lembrar que você deve se desprender de muitas coisas que pensamos ser totalmente necessárias em nosso dia-a-dia, pois na ilha em que ficamos, por exemplo, a água era racionada e fria, energia elétrica só até às 22 horas, sem sinal de celular ou 3g, além de acomodações e banheiros bem rústicos.

* Banheiros

Porém, o conforto era ser acordado pelos raios de sol entrando pelas janelas e portas da cabana, bem como ter aquela vista do mar do caribe a 10 passos do seu quarto ou poder curtir o céu absurdamente estrelado quando a noite chega, não tem preço.

Se gostamos? Adoramos!!! Sem dúvidas foi uma experiência maravilhosa e que nos marcou bastante.

Para quem não quer abrir mão do conforto da cidade, também é possível contratar tour diário para San Blas. Neste caso, nossa dica é entrar em contato com Roque, do Guia Panamá (falamos sobre ele neste post aqui).

 Espero que tenham gostado de nossas dicas, e se estiver viajando para o Panamá já sabe, não deixe de considerar San Blas em seu roteiro.

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